Miopia

O aumento preocupante dos casos de miopia em crianças e adolescentes

14 maio 2024

Os especialistas estão preocupados com o rápido aumento dos casos de miopia em crianças e jovens, causada sobretudo por fatores externos.1 O aspeto positivo é que existem formas de abrandar a sua progressão através da "gestão da miopia".

  • Menina em sala de exame oftalmológico

A crescente prevalência da miopia é, neste momento, particularmente evidente na Ásia, onde o número de crianças e jovens míopes é já superior à média. É quase a norma as crianças usarem óculos. Felizmente, a situação na Europa é melhor, onde a miopia afeta apenas 3% das crianças em idade pré-escolar, 11% das crianças dos 7 aos 10 anos e 20 a 30% das crianças dos 11 aos 17 anos. 2 - 8

No entanto, estes números continuam a ser preocupantes. Os especialistas preveem que, até 2050, teremos cerca de 4,8 mil milhões de pessoas míopes em todo o mundo. A alta miopia9, ou seja, uma deficiência visual superior a cinco dioptrias negativas, poderá afetar cerca de 940 milhões de pessoas. Segundo o Relatório Mundial publicado pela OMS, em 2020 havia cerca de 2,6 mil milhões de pessoas míopes em todo o mundo, 312 milhões das quais com menos de 19 anos.10

O que é preocupante são as lesões graves que a miopia pode provocar nos olhos, nomeadamente na retina. Estas lesões podem mesmo levar ao descolamento da retina ou à cegueira, podendo também afetar o nervo ótico (conhecido como glaucoma).

Sinais de miopia progressiva em crianças e adolescentes

Com uma percentagem superior a 10%, a prevalência da miopia em crianças e adolescentes é já elevada em muitos países do Sudeste Asiático. Em algumas regiões da China, a prevalência da miopia entre os jovens estudantes chega a atingir cerca de 90%.11 E esta tendência pode em breve manifestar-se também noutras regiões. Por isso, os pais devem estar muito atentos aos primeiros sinais de miopia.

  • Menina a esfregar os olhos
  • Menino a pintar com a cara muito perto do papel
  • Menina com um tablet a pôr a mão na cara

Indícios de uma eventual miopia infantil

  • Dificuldades em ler o quadro ou o ecrã na sala de aula
  • Segurar os ecrãs digitais ou livros mesmo à frente dos olhos para ver com nitidez
  • Franzir os olhos frequentemente
  • Dores de cabeça frequentes
  • Esfregar os olhos frequentemente

Lembre-se de que as crianças nem sempre têm consciência destes sinais. A visão limitada parece-lhes ser normal, porque não conhecem outra realidade. O cérebro humano até lhes permite lidar bem com a deficiência visual. Ainda assim, está provado que a miopia afeta negativamente a qualidade de vida e as oportunidades educativas da criança.12

Por isso, é fundamental visitar um especialista da visão regularmente. Só um especialista poderá determinar se a criança tem ou poderá vir a ter miopia. Se for o caso, poderá sugerir um plano de ação ou um tratamento.

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Causas da miopia em crianças

O desenvolvimento da visão de uma criança é uma interação complexa de vários processos de adaptação do olho, que acontecem sobretudo durante os primeiros meses e anos de vida. De acordo com os conhecimentos atuais, a retina controla estes processos de adaptação e garante que a potência refrativa do olho e o seu comprimento correspondem na perfeição.

À medida que a criança cresce, também o olho vai crescendo. Se tudo correr conforme previsto pela natureza, a criança cresce com uma visão normal (emetropia). Se este processo sofrer um desequilíbrio, ocorre uma deficiência visual, cuja forma mais comum é a miopia. Esta verifica-se, por exemplo, quando o olho cresce demasiado em comprimento, comparado com a potência refrativa dos seus meios (córnea, cristalino, humor aquoso e corpo vítreo).13

Recomenda-se que a criança faça um primeiro exame oftalmológico e ortóptico infantil completo antes de completar dois anos, uma vez que a visão se desenvolve de forma particularmente rápida nos primeiros dois anos de vida. Desta forma, as deficiências visuais podem ser detetadas numa fase precoce e mitigadas com o tratamento certo.14

Menina de óculos a escrever com um lápis
Menina de óculos a escrever com um lápis

Miopia em crianças

A deteção precoce é fundamental quando se trata de miopia, pelo que a criança só tem a beneficiar se for diagnosticada o mais cedo possível. Por isso, deverá ser sempre consultado um especialista da visão se a criança apresentar problemas, mesmo em idade pré-escolar. Quanto mais cedo forem tomadas medidas contra a miopia, melhor.

Porque é que a miopia está a aumentar entre as crianças e os adolescentes

Mas porque é que a miopia aumentou de forma tão drástica entre as crianças e os jovens ao longo das últimas décadas? É certo que a mudança do nosso estilo de vida tem um papel decisivo neste contexto. Embora a miopia tenha uma componente genética, sendo muito provavelmente passada pelos pais (se um dos pais tiver miopia, o risco de a criança desenvolver miopia duplica; se ambos tiverem miopia, o risco é cinco vezes maior), ultimamente, as influências externas têm tido um impacto significativo nestes números.

Um dos principais fatores que explica este aumento é provavelmente o estilo de vida urbano, de modo particular nas grandes cidades da Ásia. Nestas zonas metropolitanas, muitas crianças passam a maior parte dos seus dias dentro de casa, sem exposição à luz natural do dia. Desde muito pequenas, usam smartphones e tablets durante horas a fio. Até os parques infantis se situam em espaços cobertos de grandes centros comerciais.

Hoje em dia, os tablets e os smartphones tornaram-se indispensáveis, mas os pais devem certificar-se de que as crianças se sentam a uma distância de, pelo menos, 30 centímetros dos ecrãs, que fazem pausas regulares e que usam os dispositivos digitais o mínimo de tempo possível.

As mesmas precauções aplicam-se também à leitura: segurar o livro demasiado perto dos olhos pode causar miopia a longo prazo ou piorar uma miopia já existente.

Crianças míopes: estratégias de prevenção da miopia

Para reduzir o risco de miopia, as crianças não devem passar demasiado tempo à frente do smartphone e da televisão ou a fazer atividades que as obriguem a focar-se durante muito tempo em objetos próximos.

Quando as crianças usam tablets ou livros dentro de casa, o seu tempo de ecrã deve ser sempre intercalado com pausas recreativas, idealmente passadas ao ar livre e de preferência a praticar atividade física. Estudos mostram que as crianças que passam frequentemente tempo ao ar livre são menos suscetíveis à miopia e as que são afetadas têm uma progressão mais lenta.15 Recomenda-se, por isso, que as crianças passem pelo menos duas horas por dia no exterior, a apanhar luz natural. Isto aplica-se a todos os grupos etários.

Também é importante saber que o risco de miopia (severa) é mais elevado se os primeiros sinais surgirem antes dos sete anos.16 Existe uma regra geral baseada em vários estudos, segundo a qual o desenvolvimento do comprimento do olho pode ser considerado normal se uma criança ainda tiver uma distância de refração superior a +0,75 dioptrias aos seis anos ou superior a +0,5 dioptrias entre os sete e os dez anos de idade. Se o valor for mais baixo ou até mesmo negativo, a criança está em risco de miopia.17

Prevenção: crianças e jovens devem fazer exames regulares aos olhos

Qualquer pessoa que use óculos sabe que os problemas de visão podem variar ao longo do tempo, especialmente nas crianças em crescimento. No entanto, se a miopia aumentar mais de 0,5 dioptrias num período de seis a doze meses, a causa poderá ser uma miopia progressiva.

A partir dos cinco anos, as crianças devem fazer um teste ocular pelo menos uma vez por ano para detetar qualquer problema de visão ou uma miopia em rápida progressão numa fase precoce. O teste pode ser realizado por um oftalmologista ou óptico, dependendo do país e da regulamentação. Um teste ocular válido para crianças requer a administração de gotas que, em Portugal por exemplo, só podem ser aplicadas por oftalmologistas.

Além dos tradicionais testes oculares que todos conhecem, os profissionais de saúde ocular têm agora ao seu dispor aparelhos de ponta, como o biómetro, que lhes permitem medir o comprimento axial do olho da criança ou do adolescente e realizar uma refração objetiva.

Gestão da miopia: opções de tratamento da miopia progressiva

Existem várias opções para abrandar a progressão da miopia em crianças e adolescentes. Se uma criança já usar óculos ou tiver miopia progressiva, é aconselhável um plano de tratamento individual elaborado por um oftalmologista e/ou optometrista. Este plano de gestão da miopia pode incluir gotas farmacêuticas, lentes oftálmicas especiais ou lentes de contacto especiais para o dia ou para a noite.

Além dos planos de tratamento, também é importante que os pais se certifiquem de que a criança passa sistematicamente mais de duas horas por dia no exterior. Ao mesmo tempo, devem limitar o tempo que a criança ou o adolescente passa à frente do tablet, do computador, do smartphone e a ler livros ou banda desenhada.

A colaboração entre o oftalmologista e o óptico é crucial para determinar o tratamento ideal, seja através de auxiliares de visão, produtos farmacêuticos ou uma combinação dos dois. O objetivo global é abrandar a progressão da miopia através de uma gestão específica da miopia e, idealmente, reduzir o crescimento do olho para o nível dos olhos não míopes, ou o mais próximo possível deste. Deste modo, podem prevenir-se, por exemplo, valores de prescrição muito elevados e os riscos de saúde ocular associados.

Precisa de mais informações? Visite o Myopia Insights Hub para obter conhecimentos especializados.

Um programa de gestão da miopia inclui um historial completo do paciente que cobre os fatores de risco, testes adequados e uma avaliação dos riscos, bem como medidas de tratamento e recomendações comportamentais. Tudo isto deve ser definido em conjunto com a criança e os seus pais, idealmente em colaboração estrita com um oftalmologista e óptico. Também é fundamental realizar consultas regulares adequadas ao estado de refração individual da criança e, quando aplicável, ao respetivo método de tratamento.

Grupo de crianças felizes com óculos deitadas em círculo no chão

ZEISS MyoCare: lentes oftálmicas especiais para uma gestão eficaz

Um método de tratamento específico para a miopia progressiva é o uso de lentes de óculos especialmente desenvolvidas. Isto porque as lentes monofocais normais não permitem abrandar o crescimento excessivo do comprimento dos olhos míopes em tenra idade.

Há mais de dez anos que a ZEISS oferece soluções de lentes oftálmicas especificamente adaptadas à gestão da miopia, mas até agora estava focada sobretudo no mercado asiático. Combinando a sua vasta experiência com miopia progressiva e severa adquirida ao longo de vários anos na Ásia com descobertas científicas comprovadas, a ZEISS oferece agora também na Europa serviços eficientes e específicos para a gestão da miopia.

No âmbito da gestão da miopia da ZEISS, as lentes oftálmicas ZEISS MyoCare e ZEISS MyoCare S estão disponíveis em vários países.

Como é que funcionam as lentes de óculos ZEISS MyoCare?

Estas lentes oftálmicas especiais abrandam o alongamento do olho, nomeadamente através de microestruturas especiais na área periférica da lente, o que gera a chamada desfocagem miópica simultânea. Ou seja, ao lado da imagem nítida na retina surgem outras imagens à frente da retina. Isto serve para abrandar o crescimento do comprimento do olho.

O centro da lente contém uma zona que corrige a visão míope da criança e garante uma visão nítida ao longe. Em torno desta zona central nítida, as superfícies anelares quase invisíveis – as microestruturas com uma potência óptica adicional, alternam com zonas que apenas têm um efeito corretor.

Se for diagnosticada e tratada a tempo, a miopia não tem de ser um beco sem saída que leva à miopia severa.

ZEISS MyoCare
Uma lente concebida para a desfocagem miópica simultânea

Uma lente ZEISS MyoCare com uma zona central e uma zona funcional
Zona funcional

com superfícies anelares alternadas na zona periférica da lente

Tecnologia C.A.R.E®

Os Cylindrical Annular Refractive Elements (C.A.R.E®) são microestruturas que dão origem à chamada desfocagem miópica simultânea

Zona central

para uma visão clara e nítida no centro da lente


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  • 1

    The impact of myopia and high myopia: report of the Joint World Health Organization–Brien Holden Vision Institute Global Scientific Meeting on Myopia, University of New South Wales, Sydney, Austrália,16–18 de março de 2015 - ISBN 978-92-4-151119-3.

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    Brandt M, Meigen C, Truckenbrod C, Vogel M, et al. Refraktionsstatus in einer deutschen pädiatrischen Kohorte: Eine Querschnittsanalyse der LIFE Child-Daten. Optometry & Contact Lenses. 2021; Vol 1(1): 6-13. doi.org/10.54352/dozv.HISM2127

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  • 11

    The impact of myopia and high myopia: report of the Joint World Health Organization–Brien Holden Vision Institute Global Scientific Meeting on Myopia, University of New South Wales, Sydney, Austrália,16–18 de março de 2015 - ISBN 978-92-4-151119-3. 

  • 12

    Sankaridurg P, Tahhan N, Kandel H, et al. IMI impact of myopia. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2021;62(5):2.

  • 13

    Cf. Troilo D, Smith EL 3rd, Nickla DL, Ashby R, Tkatchenko AV, Ostrin LA, Gawne TJ, Pardue MT, Summers JA, Kee CS, Schroedl F, Wahl S, Jones L. IMI - Report on Experimental Models of Emmetropization and Myopia. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2019 Feb 28;60(3):M31-M88.

  • 14

    Cf. BVA / DOG: Leitlinie Nr. 2 Augenärztliche Basisdiagnostik bei Kindern in den ersten zwei Lebensjahren. Disponível online em: Microsoft Word - Leitlinie Nr. 2 Augenärztliche Basisdiagnostik bei Kindern in den ersten zwei Lebensjahren.doc (dog.org), documento consultado em junho de 2023.

  • 15

    Xiong S, Sankaridurg P, Naduvilath T, Zang J, Zou H, Zhu J, Lv M, He X, Xu X. Zeit in Outdoor-Aktivitäten im Zusammenhang mit der Prävention und Kontrolle von Myopie: eine Metaanalyse und systematische Überprüfung. Acta Ophthalmol. 2017;95(6):551-566. doi: 10.1111/aos.13403.

  • 16

    Rudnicka AR, Kapetanakis VV, Wathern AK, Logan NS, Gilmartin B, Whincup PH, Cook DG, Owen CG. Global variations and time trends in the prevalence of childhood myopia, a systematic review and quantitative meta-analysis: implications for aetiology and early prevention. Br J Ophthalmol. 2016 Jul;100(7):882-890.

  • 17

    IMI-Clinical-Myopia-Management-Guidelines_FINAL_German_MJ.pdf (myopiainstitute.org)